quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Evangelho segundo Maquiavel


Uma pergunta para refletir: Você mentiria para obter algum tipo de benefício para a sua igreja?
Que tal essa? Você assinaria um cheque sem fundo para “pagar” cestas básicas, para alimentar famílias carentes?
Ou essa: Você concordaria que sua igreja recebesse, conscientemente, uma doação de origem criminosa (dinheiro do tráfico de drogas, por exemplo)?

Se ao menos em uma das perguntas acima a sua resposta foi “sim”, você pode ser considerado um potencial discípulo de Nicolau Maquiavel, autor da frase “Os fins justificam os meios”. O problema é que, como cristãos (se for esse o seu caso), nosso papel é ser discípulo de Cristo e não do italiano renascentista autor de “O Príncipe”.

Para alguns fãs de Maquiavel, sua célebre frase quase sempre é mal interpretada. O que ele teria quisto dizer foi que “os fins determinam os meios” e não que uma atitude pode ser justificável dependendo do seu objetivo. Ou seja, é de acordo com nossas metas que devemos traçar os nossos planos.

Consideremos assim então: as minhas metas (fins) devem determinar os meus planos (meios). Só que para nós, reles humanos, o perigo é quando os planos recebem a influência de um inimigo íntimo chamado “a carne”. Isso porque a (nossa) carne costuma ser egoísta, vaidosa, egocêntrica, enganosa, pecaminosa e mentirosa. É ela que induz a pessoa a assinar um cheque sem fundo, a mentir para tirar vantagem, a camuflar falhas quando lhe convém e, via de regra, a compactuar com o pecado para tirar proveito. Em suma, se a carne estiver à frente, não importa os fins ou os meios, o resultado é um só: pecado.

Assim sendo, não há outra saída para o cristão maquiavélico (refiro-me àqueles que agem segundo a carne, ainda que pensando estar fazendo o bem) a não ser recorrer ao arrependimento, a fim de preservar um relacionamento saudável com Deus e com o próximo. Tal responsabilidade recai seriamente sobre as igrejas, cujo papel é propagar o Evangelho genuíno e ser imitadora de Cristo em amor e atitudes.

A garantia de permanência de fiéis com dízimos avantajados; o medo de expor o nome da congregação por erros cometidos por líderes ou membros; a possibilidade de receber doações generosas; ou mesmo o afã de multiplicar o número de ovelhas... não podem, jamais, justificar meios que confrontem os preceitos bíblicos. Se na política pregada por Maquiavel fins justificam meios, na política da santidade objetivos não justificam atitudes que desagradam a Deus.

Sábio é o líder, aliás, todo cristão que tiver isso em mente.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

“…and the Oscar goes to...”

O teatro anda em alta nas igrejas. Não, não estou falando dos muitos grupos dedicados às artes cênicas que, com muito valor e criatividade, fazem da interpretação teatral um recurso interessante para falar de Cristo. Refiro-me, com pesar, ao enorme rebanho de atores que povoam naves e púlpitos de nossas igrejas. Tratando-se de seres humanos (ô raça sínica essa a nossa!), ouso afirmar que não existe exceção: em toda igreja institucionalizada não faltam mambembes travestidos de cristãos.

Sabe o que é pior? Dificilmente algum de nós escapa ao risco de atuar, ainda que provisoriamente (os mais inteligentes pulam fora rapidinho), nesse grupo de artistas do Evangelho, pregadores do engano, testemunhas de araque. Não tenho pudores para falar sobre isso, porque considero saudável o hábito da auto-análise, da auto-crítica, a fim de não tropeçarmos na própria soberba ou na idéia equivocada de que estamos acima do bem e do mal.

Há muitas razões para estarmos propícios a usar máscaras. Todavia, vou ater-me a dois substantivos comuns no dia-a-dia de todo ser humano e responsáveis por grande parte dos jogos de cena que se vê por aí. São eles a mentira e a vaidade. Isso porque ambos, a certo passo da vida, acabam se tornando hábito e passam despercebidos (a olhos humanos).

Mentimos por esporte, sem querer, sem-querer-querendo e, claro, querendo mesmo. Sabe quando aquele flanelinha com jeito de poucos amigos vem pedir dinheiro, cheio de cachaça no cérebro, e a gente afirma, sem pestanejar, “estou sem dinheiro hoje”? Geralmente o dinheiro há, mas, por que não mentir para se sair de uma situação incômoda? O exemplo é simplório, mas serve para ilustrar o fato de como é fácil mentir diante de situações que nos constrange. Por que não mentir? Uma mentirinha não faz mal a ninguém. Deus há de perdoar. Afinal, “os fins justificam os meios” (ô frasezinha malévola! - outro dia escreverei sobre esse negócio de fins justificando os meios. Aguardem). Mentir será sempre a atitude menos inteligente diante de Deus.

Já a vaidade... ah!, a vaidade... “Meu pecado preferido”, declarou, com sorriso irônico, o personagem de Al Pacino no filme Advogado do Diabo. Ele interpreta Satanás no thriller e se diverte manipulando o vaidoso personagem de Keanu Reeves. Não é à toa que a palavra vaidade é usada tantas vezes na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Salomão, no ápice de sua maturidade, inicia Eclesiastes falando desse pecado perigoso, que sutilmente nos afasta da presença do Senhor e nos enforca em nós mesmos.

A vaidade é a necessidade que o homem tem de chamar atenção para si. Ela é um dos principais empecilhos entre o ser humano e a confissão de pecados. A vaidade nos impede de admitir erros. Confessar pecados - mesmo sabendo ser isso fundamental para o conserto -, coloca em xeque o conceito que os outros têm a nosso respeito. Muitos de nós preferem encobrir o pecado a ter sua máscara lançada fora. Acontece que Deus tem visão de raio-X (1 Samuel 16:7). Ele vê através da máscara. E “não se deixa escarnecer, porque tudo que o homem semear ele também ceifará. O que semear na carne... (Gálatas 6:7).

E assim o teatro tem seguido firme no ceio das congregações. Mas, a má notícia para os atores do Evangelho é que sempre haverá a ação consoladora e poderosa do Espírito Santo. E Ele é especialista em desmascarar falsos profetas e falsos discípulos. O dom do discernimento de espíritos é real na vida daqueles que O buscam. E nada há encoberto que não haja de revelar-se (Mateus 10:26). No popular: um dia a casa cai.

Enquanto isso não acontece, os crentes Cazuza (inventei essa agora) continuam vivendo a sua mentira como quem diz “faz parte do meu show”. Na platéia, o Diabo sorri, aplaude e pede bis. Enquanto o Espírito Santo chora.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É Natal, que beleza!

É Natal! Tempo de amar ao próximo, exercitar a solidariedade e esbanjar momentos de confraternização. Na sexta-feira última, entretanto, uma cena contrastou-se com esse espírito solidário que move o inconsciente coletivo. No flagrante do repórter fotográfico Diego Chaves, do jornal O Estado do Maranhão, um homem supostamente embriagado, estirado no meio da rua, não foi obstáculo para o cortejo natalino que passava pela Rua Grande, a mais movimentada do comércio de São Luís. Guiados pelo casal José e Maria, que carregava um boneco simbolizando o menino Jesus, dezenas de outros personagens devidamente caracterizados, entre pastores, reis magos, anjos e músicos, seguiam em animada batucada, celebrando o clima natalício. Sem perder o passo, nem o compasso, os artistas desviavam tranquilamente do homem estatelado no chão. Talvez a preocupação fosse a de não perturbar o “cochilo” do indivíduo, dentro do mais verdadeiro espírito solidário da época. Afinal, é Natal, ho, ho, ho.



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A culpa é nossa


Tempos atrás, ser crente - melhor dizendo, protestante -, era coisa de gente esquisita, religiosa ao extremo, ou, na melhor hipótese, um tipo qualquer de carola, todavia, na maioria dos casos, pessoa séria e, quase sempre, confiável. Hoje, ser crente - melhor dizendo, evangélico, pior dizendo, gospel -, é para, os ímpios, sinônimo de toda sorte de adjetivo pejorativo, do irônico ao agressivo. E a culpa é de quem? Nossa, é claro.

Não pretendo aqui condenar gente sem noção, do tipo que curte se divertir à custa da fé dos outros e que, geralmente, fala sem conhecimento de causa, que nunca leu a Bíblia (se leu, não entendeu bulhufas) e apenas acha intelectualmente impressionável tirar onda dos cristãos. O propósito aqui, para variar, é centrar fogo no comportamento de nós, evangélicos, cuja vergonha na cara tem se tornado artigo em escassez.

Por exemplo: às vezes acho perda de tempo esse negócio de crente famoso ir a programa de televisão secular, sob a justificativa (ingênua, a meu ver) de evangelizar os descrentes. “A palavra nunca volta vazia”, costuma-se dizer, como que procurando desculpar-se pelo fato de estar sentado à roda de escarnecedores. Resultado: salvo honrosas exceções, o irmão famoso acaba alvo de chacota na boca dos ímpios.

Um caso recente foi o da cantora Sara Sheeva, entrevistada no programa Manhã Maior, da Rede TV. A pastora e ex-cantora do grupo SNZ revelou que sua conversão se deu após uma experiência sobrenatural: “Eu vi o mal. Eu vi dentro de uma pessoa" - afirmou. "Uma pessoa incorporou um espírito no meio da rua, na minha frente, e os meus olhos se abriram, espiritualmente falando", completou. Ela disse ainda estar sem sexo há 10 anos e sem beijar na boca há nove.

A turma do facebook deitou e rolou. O depoimento da pastora foi motivo de piada. E sobrou para todos os evangélicos. Fomos chamados de falsos puritanos, julgadores da vida alheia e claro, desequilibrados que precisam de ajuda psiquiátrica. Pergunto: será mesmo que o Reino de Deus precisa desse tipo de participação televisiva? O programa, claro, ganha em audiência. Mas, e a Palavra, foi mesmo pregada? Os descrentes foram mesmo impactados pelo testemunho de mudança? Ou a coisa toda serviu apenas para colocar o Evangelho como alvo de zombaria?

Nem se precisa dizer que há lugar, hora e maneira de se dizer as coisas, a fim de se atingir o objetivo desejado. Falar de coisas espirituais para ouvintes leigos no assunto, ateus, agnósticos ou simplesmente vazios do Espírito, ou mesmo arrogantes intelectualóides, é quase sempre chover no molhado.

Por outro lado, dia desses assisti a uma entrevista de Victor Belfor e Joana Prado ao apresentador Luciano Huck e gostei da postura dos dois. Sem apelar ao evangeliquês, disseram que a conversão foi a melhor coisa que aconteceu na vida deles e que a mudança se tornou evidente. O próprio Huck admitiu: “Mudou para melhor”, referindo-se à Joana, que ficou famosa como a Feiticeira em programa apresentado por ele. É assim que se faz. E quem quiser conhecer o Jesus que os transformou que venha. Ele está sempre de braços abertos.

A verdade é que são as atitudes e o caráter que mostram se uma pessoa é cristã ou não. Ir à igreja, pregar, cantar louvores ou dar entrevistas na televisão, gravar CD... nada disso faz de alguém um verdadeiro discípulo de Jesus. Aliás, ator é o que não falta no meio evangélico. Tem gente que consegue até separar bem as coisas: “Na igreja sou cristão, fora dela faço o jogo do mundo”. Coitado de quem pensa assim. Cristo nos ensina a ser discípulos onde quer que estejamos. É justamente fora da igreja onde eu mais preciso dar testemunho de quem eu sou Nele.

Não precisamos agir como juízes do mundo, nem tentar parecer puritanos ou, muitas vezes, hipócritas diante do pecado alheio, para mostrar que somos evangélicos. Temos que ser verdadeiros, com nossos erros e acertos, arrependendo-nos diante do pecado, perdoado e estendendo a mão a quem precisa se levantar. Pregar o Evangelho é tarefa de todos, aproveitando cada oportunidade. Até mesmo, com a devida prudência, em programas de televisão. Mas, um pouco de cabimento não faz mal a ninguém. Lembram da Baby do Brasil mostrando ao Jô Soares como se fala em línguas estranhas? Ninguém merece! O Jô (que de modéstia intelectual não tem nada) tirou sarro do início ao fim da entrevista.

É bom que fique claro: não me importo com os comentários vazios e escarnecedores dos descrentes. O que me incomoda é a nossa falta de noção quando esquecemos de buscar em Cristo a forma mais inteligente de pregar o Evangelho. O que, aliás, às vezes nem precisa de palavras.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Amor que não cabe em si

Ok, sei que o blog está jogada às traças. Tive que priorizar algumas atividades (vide foto) e creiam, não está sobrando cabeça para o CrentePensante. Em breve (espero), espero  voltar a abrir o verbo por aqui contra os vendilhões do templo e as esquisitices evangélicas que azucrinam o povo de Deus.

Por hora, publico o flagrante deste pai, completamente idiotizado, que vos fala. Diz aí: qual pai não ficaria abobalhado com uma princesinha assim dormindo no seu ombro. Traduzindo o sentimento que Sofia me causa: amor que não cabe em si.

Deus abençoe a todos. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sofia em meu mundo


Eu pensava que babar, corujar, abobalhar, mimar seriam infinitivos comuns na minha rotina de pai de primeira viagem. Mas a coisa ficou mais séria do que eu imaginava.

Evidentemente, projetava uma ideia de como é ser pai. O amor, o cuidado, o carinho, a preocupação..., enfim, o pacote típico de toda figura paterna - seja ela um estreante (meu caso) ou veterano nessa árdua tarefa. Todavia, o impacto de ter Sofia diante de meus olhos, segurar aquela pequena/grande criatura do Pai celestial, foi muito além do que palavras poderiam verbalizar. Talvez as lágrimas e a cara de apaixonado tenham traduzido de alguma forma.

Tenho aprendido muito com ela. Desde os primeiros instantes, do primeiro choro, ainda na sala de cirurgia, à vigília da última madrugada. Lições que não se aprendem na teoria, só vivendo.

Há poucos dias, estava no limite do cansaço. Seis noites seguidas quase sem dormir. Compreendi o sentido da expressão “dormindo acordado”. Mesmo quando cochilava, o mínimo ruído vindo do berço de Sofia me soava como o mais estridente despertador. Preocupação ao extremo! Relaxar? Impossível. Até que numa das minhas rondas noturnas no quarto dela, ao vê-la dormir, tranquila, soprou-me ao ouvido a voz interior que me fez lembrar da prerrogativa dos filhos de Deus de poderem descansar Nele. Logo eu, que tantas vezes li, preguei e aconselhei me valendo desse básico direito outorgado aos que creem. Enquanto me afligia, preocupado com o bem-estar da minha filhota, com as contas a pagar...,impotente por não poder fazer além do que estava ao meu alcance, ela dormia, cândida. Soou-me o Salmo 127, versos 2 e 3: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus Ele o dá enquanto dormem. Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão”.

Creio que Jesus, ao ensinar a seus discípulos a serem como os pequeninos, também referia-se à forma como as criancinhas, e só elas, conseguem descansar – certamente pela própria condição de dependentes que são. Pois é, o semblante de Sofia dormindo, me ensinou bem mais que as muitas elucubrações teológicas ao longo de minha, ainda menina, vida de pastor.

A propósito, a foto dela aí em cima fala por si. É ou não é?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Jesus, me ajude

Pois é, meus amados. Estou mesmo sumido da blogosfera, mas tenho buas razões para tanto. Faltam apenas 16 dias para a chegada de Sofia e, na escolha das prioridades, o CrentePensante acabou dançando (pelo menos por um tempo). Ontem, por recomendação de uma amiga do trabalho, deparei-me com esse vídeo. Assistam e orem por mim.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Colunista da Folha de São Paulo compara a Marcha Para Jesus com a Parada Gay

Detalhe da Marcha para Jesus 2011, em São Paulo
Raramente publico artigos de terceiros no CP. Dessa forma, responsabilizo-me por minhas elucubrações e recebo os comentários e pedradas que houver de receber por elas. Todavia, vez por outra, destaco textos que considero interessantes e que se encaixam na linha de pensamento do blog, caso deste que surrupiei do GNotícias. Vale conferir.

Por Rafael Porto

O colunista da Folha de São Paulo, Revista Veja e da Rádio CBN, Gilberto Dimenstein, causou polêmica nesta semana ao escrever em seu blog o texto “São Paulo é mais gay ou evangélica?”. Na análise, o jornalista argumenta que “os gays usam a alegria para falar e se manifestar”, enquanto “a parada evangélica tem um ranço um tanto raivoso, já que, em meio à sua pregação, faz ataques a diversos segmentos da sociedade”.

Dimenstein foi criticado por outro conhecido colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, que em seu blog classificou o texto como “tolo”, “burro”, “falacioso” e “preconceituoso”, rebatendo, linha por linha, todas as afirmações contidas no artigo de Gilberto Dimenstein. “Há uma diferença que a estupidez do texto de Dimenstein não considera: são os militantes gays que querem mandar os evangélicos para a cadeia, não o contrário”, argumenta Azevedo.

Abaixo você confere a íntegra do artigo de Gilberto Dimenstein:

Como considero a diversidade o ponto mais interessante da cidade de São Paulo, gosto da ideia de termos, tão próximas, as paradas gay e evangélica tomando as ruas pacificamente. Tão próximas no tempo e no espaço, elas têm diferenças brutais.

Os gays não querem tirar o direito dos evangélicos (nem de ninguém) de serem respeitados. Já a parada evangélica não respeita os direitos dos gays (o que, vamos reconhecer, é um direito deles). Ou seja, quer uma sociedade com menos direitos e menos diversidade.

Os gays usam a alegria para falar e se manifestar. A parada evangélica tem um ranço um tanto raivoso, já que, em meio à sua pregação, faz ataques a diversos segmentos da sociedade. Nesse ano, um do seus focos foi o STF.

Por trás da parada gay, não há esquemas políticos nem partidários. Na parada evangélica há uma relação que mistura religião com eleições, basta ver o número de políticos no desfile em posição de liderança. Isso para não falar de muitos personagens que, se não têm contas a acertas com Deus, certamente têm com a Justiça dos mortais, acusados de fraudes financeiras.

Nada contra – muito pelo contrário– o direito dos evangélicos terem seu direito de se manifestarem. Mas prefiro a alegria dos gays que querem que todos sejam alegres. Inclusive os evangélicos.

Civilidade é a diversidade. São Paulo, portanto, é mais gay do que evangélica.

Abaixo agora a resposta de Reinaldo Azevedo comentando em chaves o texto do colunista da Folha:

Gilberto Dimenstein, para manter a tradição — a seu modo, é um conservador, com sua mania de jamais surpreender —, resolveu dar mais uma contribuição notável ao equívoco ao escrever hoje na Folha Online sobre a Marcha para Jesus e sobre a parada gay.

São Paulo é mais gay ou evangélica?

{Sem qualquer investimento voluntário na polissemia, é um texto tolo de cabo a rabo; do título à última linha. São Paulo nem é “mais gay” nem é “mais evangélica”. Fizesse tal consideração sentido, a cidade é “mais heterossexual” e “mais católica”, porque são essas as maiorias, embora não-militantes. Ora, se a diversidade é um dos aspectos positivos da cidade, como sustenta o articulista, é irrelevante saber se a cidade é “mais isso” ou “mais aquilo”, até porque não se trata de categorias excludentes. Se número servisse para determinar o “ser” da cidade — e Dimenstein recorre ao verbo “ser” —, IBGE e Datafolha mostram que os cristãos, no Brasil, ultrapassam os 90%.}

Como considero a diversidade o ponto mais interessante da cidade de São Paulo, gosto da idéia de termos, tão próximas, as paradas gay e evangélica tomando as ruas pacificamente. Tão próximas no tempo e no espaço, elas têm diferenças brutais.

{Nessas poucas linhas, o articulista quer afastar a suspeita de que seja preconceituoso. Está, vamos dizer assim, preparando o bote. Vamos ver.}

Os gays não querem tirar o direito dos evangélicos (nem de ninguém) de serem respeitados. Já a parada evangélica não respeita os direitos dos gays (o que, vamos reconhecer, é um direito deles). Ou seja, quer uma sociedade com menos direitos e menos diversidade.

{Está tudo errado! Pra começo de conversa, que história é essa de que “é um direito” dos evangélicos “não respeitar” os direitos dos gays? Isso é uma boçalidade! Nenhum evangélico reivindica o “direito” de “desrespeitar direitos” alheios. A frase é marota porque embute uma acusação, como se evangélicos reivindicassem o “direito” de desrespeitar os outros.}

{Agora vamos ver quem quer tirar o direito de quem. O tal PLC 122, por exemplo, pretende retirar dos evangélicos — ou, mais amplamente, dos cristãos — o direito de expressar o que suas respectivas denominações religiosas pensam sobre a prática homossexual. Vale dizer: são os militantes gays (e não todos os gays), no que concerne aos cristãos, que “reivindicam uma sociedade com menos direitos e menos diversidade”. Quer dizer que a era da afirmação das identidades proibiria cristãos, ou evangélicos propriamente, de expressar a sua? Mas Dimenstein ainda não nos ofereceu o seu pior. Vem agora.}

Os gays usam a alegria para falar e se manifestar. A parada evangélica tem um ranço um tanto raivoso, já que, em meio à sua pregação, faz ataques a diversos segmentos da sociedade. Nesse ano, um do seus focos foi o STF.

{Milhões de evangélicos se reuniram ontem nas ruas e praças, e não se viu um só incidente. A manifestação me pareceu bastante alegre, porém decorosa. Para Dimenstein, no entanto, a “alegria”, nessa falsa polarização que ele criou entre gays e evangélicos, é monopólio dos primeiros. Os segundos seriam os monopolistas do “ranço um tanto raivoso”. Ele pretende evidenciar o que diz por meio da locução conjuntiva causal “já que”, tropeçando no estilo e no fato. A marcha evangélica, diz, “faz ataques a diversos segmentos da sociedade” — neste ano, “o STF”. O democrata Gilberto Dimenstein acredita que protestar contra uma decisão da Justiça é prova de ranço e intolerância, entenderam? Os verdadeiros democratas sempre se contentam com a ordem legal como ela é. Sendo assim, por que os gays estariam, então, empenhados em mudá-la? No fim das contas, para o articulista, os gays são naturalmente progressistas, e tudo o que fizerem, pois, resulta em avanço; e os evangélicos são naturalmente reacionários, e tudo o que fizerem, pois, resulta em atraso. Que nome isso tem? PRECONCEITO!}

Por trás da parada gay, não há esquemas políticos nem partidários.

{Bem, chego a duvidar que Gilberto Dimenstein estivesse sóbrio quando escreveu essa coluna. Não há?}

Na parada evangélica há uma relação que mistura religião com eleições, basta ver o número de políticos no desfile em posição de liderança.

{Em qualquer país do mundo democrático, questões religiosas e morais se misturam ao debate eleitoral, e isso é parte do processo. Políticos também desfilam nas paradas gays, como todo mundo sabe.}

Isso para não falar de muitos personagens que, se não têm contas a acertar com Deus, certamente têm com a Justiça dos mortais, acusados de fraudes financeiras.

{Todos sabem que o PT é o grande incentivador dos movimentos gays. Como é notório, trata-se de um partido acima de qualquer suspeita, jamais envolvido em falcatruas, que pauta a sua atuação pelo mais rigoroso respeito às leis, aos bons costumes e à verdade.}

Nada contra –muito pelo contrário– o direito dos evangélicos terem seu direito de se manifestarem. Mas prefiro a alegria dos gays que querem que todos sejam alegres. Inclusive os evangélicos.

{Gilberto Dimenstein precisa estudar o emprego do infinitivo flexionado. A inculta e bela virou uma sepultura destroçada no trecho acima. Mas é pior o que ele diz do que a forma como diz. Que história é essa de “nada contra”? Sim, ele escreve um texto contra o direito de manifestação dos evangélicos. O fato de ele negar que o faça não muda a natureza do seu texto. Ora, vejam como os militantes gays são bonzinhos — querem que todos sejam alegres —, e os evangélicos são maus: pretendem tolher a livre manifestação do outro. SÓ QUE HÁ UMA DIFERENÇA QUE A ESTUPIDEZ DO TEXTO DE DIMENSTEIN NÃO CONSIDERA: SÃO OS MILITANTES GAYS QUE QUEREM MANDAR OS EVANGÉLICOS PARA A CADEIA, NÃO O CONTRÁRIO. São os movimentos gays que querem rasgar o Artigo 5º da Constituição, não os evangélicos.}

Civilidade é a diversidade. São Paulo, portanto, é mais gay do que evangélica.

{Hein??? A conclusão, obviamente, não faz o menor sentido nem decorre da argumentação. Aquele “portanto” dá a entender que o autor demonstrou uma tese. Bem, por que a conclusão de um texto sem sentido faria sentido? Termina tão burro e falacioso como começou.}

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pastoras lésbicas querem 'evangelizar' na Parada Gay de SP


Três semanas depois de inaugurar uma igreja inclusiva e voltada para acolher homossexuais no Centro de São Paulo, o casal de pastoras Lanna Holder e Rosania Rocha pretende participar da Parada Gay de São Paulo, em 26 de junho, para "evangelizar" os participantes. Estudantes de assuntos ligados à teologia e a questões sexuais, as mulheres encaram a Parada Gay como um movimento que deixou de lado o propósito de sua origem: o de lutar pelos direitos dos homossexuais.

“A história da Parada Gay é muito bonita, mas perdeu seu motivo original”, diz Lanna Holder. Para a pastora, há no movimento promiscuidade e uso excessivo de drogas. “A maior concepção dos homossexuais que estão fora da igreja é que, se Deus não me aceita, já estou no inferno e vou acabar com minha vida. Então ele cheira, se prostitui, se droga porque já se sente perdido. A gente quer mostrar o contrário, que eles têm algo maravilhoso para fazer da vida deles. Ser gay não é ser promíscuo.”
As duas pastoras vão se juntar a fiéis da igreja e a integrantes de outras instituições religiosas para conversar com os participantes da parada e falar sobre a união da religião e da homossexualidade. Mas Lanna diz que a evangelização só deve ocorrer no início do evento. “Durante [a parada] e no final, por causa das bebidas e drogas, as pessoas não têm condição de serem evangelizadas, então temos o intuito de evangelizar no início para que essas pessoas sejam alcançadas”, diz.
Leandro Rodrigues, de 24 anos, um dos organizadores da Parada Gay, diz que o evento “jamais perdeu o viés político ao longo dos anos”. “O fato de reunir 3 milhões de pessoas já é um ato político por si só. A parada nunca deixou de ser um ato de reivindicação pelos direitos humanos. As conquistas dos últimos anos mostram isso.”

Segundo ele, existem, de fato, alguns excessos. “Mas não é maioria que exagera nas drogas, bebidas. Isso quem faz é uma minoria, assim como acontece em outros grandes eventos. A parada é aberta, e a gente não coíbe nenhuma manifestação individual. Por isso, essas pastoras também não sofrerão nenhum tipo de reação contrária. A única coisa é que o discurso tem que ser respeitoso.”
Negação e aceitação da sexualidade
As duas mulheres, juntas há quase 9 anos, chegaram a participar de sessões de descarrego e de regressão por causa das inclinações sexuais de ambas. “Tudo que a igreja evangélica poderia fazer para mudar a minha orientação sexual foi feito”, afirma Lanna. “E nós tentamos mudar de verdade, mergulhamos na ideia”, diz Rosania. As duas eram casadas na época em que se envolveram pela primeira vez.
“Sempre que se fala em homossexualidade na religião, fala-se de inferno. Ou seja, você tem duas opções: ou deixa de ser gay ou deixa de ser gay, porque senão você vai para o inferno. E ninguém quer ir para lá”, diz Lanna.

A pastora afirma que assumir a homossexualidade foi uma descoberta gradual. “Conforme fomos passando por essas curas das quais não víamos resultado, das quais esperávamos e ansiávamos por um resultado, percebemos que isso não é opção, é definitivamente uma orientação. Está intrínseco em nós, faz parte da nossa natureza.”

Igreja Cidade de Refúgio
Segundo as duas mulheres, após a aceitação, surgiu a ideia de fundar uma igreja inclusiva, que aceita as pessoas com histórias semelhantes as delas. “Nosso objetivo é o de acolher aqueles que durante tanto tempo sofreram preconceito, foram excluídos e colocados à margem da sociedade, sejam homossexuais, transexuais, simpatizantes”, diz Lanna.

Assim, a Comunidade Cidade de Refúgio foi inaugurada no dia 3 de junho na Avenida São João, no Centro de São Paulo. Segundo as pastoras, em menos de 2 semanas o número aumentou de 20 fiéis para quase 50. Mas o casal ressalta que o local não é exclusivo para homossexuais. “Nós recebemos fiéis heterossexuais também, inclusive famílias”, diz Rosania.
Apesar do aumento de fiéis, as duas não deixaram de destacar as retaliações que têm recebido de outras igrejas através de e-mails, telefonemas e programas de rádio e televisão. “A gente não se espanta, pois desde quando eu e a pastora Rosania tivemos o nosso envolvimento inicial, em vez de essa estrutura chamada igreja nos ajudar, foi onde fomos mais apontadas e julgadas. Mas não estamos preocupadas, não. Viemos preparadas para isso”, afirma Lanna.

Comentário do editor

Lanna Holder alcançou a fama nacional ao tornar-se pregadora nos Gideões, em Camboriu-SC. Com seu testemunho de “mudança”, dizia-se ex-homossexual e, assim, acrescido de “replé-plés” ensaiados e “profetadas”, cativou muitos evangélicos pentecostais. Mas, como nada fica em oculto (Lc 12:2), a farsa veio à tona e o resultado é este que estamos vendo. Vou resumir minha opinião em uma passagem: “Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, a César o que é de César (Lc 20:25). Para bom entendedor basta. 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ex-BBB diz que seria hétero, se pudesse

Em um programa da MTV, o deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) declarou o seguinte: “Se pudesse escolher a minha sexualidade, eu optaria por ser heterossexual”. Foi uma resposta à pergunta do apresentador e humorista Adnet sobre “o que o ex-BBB achava do pensamento de muitas pessoas de que a homossexualidade é uma escolha e não uma característica nata”.

A resposta do parlamentar é no mínimo um contra-senso, vinda de um cidadão que se diz convicto de sua homossexualidade, sendo um dos principais defensores do PL 122 e da causa gay no Congresso Nacional. Penso ser vergonhoso para o “movimento gay” o fato de um de seus “ídolos” afirmar que, se pudesse escolher, não seria quem é.

As palavras do deputado surpreendeu o apresentador da MTV. Adnet quis saber por que o ex-BBB escolheria ser hétero caso lhe fosse dada a opção. A resposta não poderia ser mais óbvia. Ele declarou que escolheria a heterossexualidade para não sofrer as consequências de viver numa sociedade preconceituosa. Perdido em sua suposta intelectualidade, Wyllys parece deitar na fama de defensor dos homo-oprimidos sem se dar conta das bobagens que diz.

É elementar, meu caro Watson: como alguém pode se dizer feliz sendo quem é, ou mesmo defensor de um grupo, se caso houvesse uma chance ele optaria por ser outra pessoa? Em outras palavras, Wyllys se diz alguém que nasceu homossexual e, por isso, não poderia fugir de sua “natureza”, mas o faria se pudesse. Seria, então, o homossexualismo, para ele, uma espécie de prisão, uma pena obrigatória pela “infelicidade” de ter nascido num país homofóbico? Só que ele se trai ao dizer – num claro ataque à opinião de uma parcela enorme da sociedade, nós cristãos em especial -, que sua homossexualidade é um peso para ele, um preço alto a pagar pela impossibilidade de ter uma natureza biologicamente e anatomicamente normal.

Se para Wyllys ser homossexual não é uma questão de escolha e, por isso mesmo, um fardo a carregar, recomendo-lhe as palavras de Jesus registradas em Mateus 11:28, 29: “Vinde a mim todos que estais cansados e oprimidos e eu os aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.

Aprendei de Cristo e conhecerás Aquele que torna o impossível possível ao que crê.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Rio: beleza em pessoas


Vou poupá-los da obviedade. Que o Rio de Janeiro é a cidade mais linda do mundo, só cego não vê. Por isso, vou resumir na expressão “ual!” os elogios que faria - tal qualquer pessoa em sã consciência (e de férias) - às belezas da Cidade Maravilhosa. Mas, como nossa estada em cenários cariocas não poderia passar em brancas nuvens aqui no CP, recorro a um sentimento precisamente verbalizado por minha amada, Dini Kelly: “O Rio é maravilhoso, lindo demais, mas o que mais nos marcou foram as pessoas com as quais Deus nos presenteou nos dias em que estivemos lá”.

Dini, Cris, Rebeca e Fernando: pizzaria depois do culto
E Ele caprichou mesmo. Para começar, fomos agraciados com o amor e a hospitalidade da Família Del Bosco (Fernando, Cris, Rebeca e D. Wanda). De um ato de gentileza (nos acolher em sua casa) nasceu uma bela aliança de amizade e respeito. Rimos muito, oramos, passeamos, comemos pra dedéu, conversamos sobre muitos assuntos..., enfim, foram momentos preciosos os que passamos juntos.

Noutra esfera, rever o Paulinho, companheiro de primórdios do Encontro Jovem, foi especial. Nos encontramos na simpática cidade serrana de Petrópolis, onde ele mora. Ali, passamos o sábado e parte do domingo, na companhia dele e de sua Cecília. Nos deparamos com a cidade lotada de turistas (talvez por causa do frio de 8°) e acabamos sem um hotel para ficar. Sobrou para o Paulinho, que, amorosamente, nos ofereceu abrigo no seu apê. Detalhe: nós ficamos com a única cama e ele, com o edredom estendido no chão. Esse tipo de atitude fala mais que palavras. Sentimo-nos honrados.

Com Pedrosa no Pão de Açúcar: visual e conversa abençoada
De volta ao Rio, mais uma grata surpresa. Conhecemos o Pedrosa, irmão da Valéria. Que figura! Maranhense da gema - mas carioca de paixão, morador de Copacabana -, o cara simplesmente se voluntariou a passear conosco pela cidade. Detalhe: nunca havia nos visto antes (mistério do Senhor). Passamos horas super agradáveis. Destaque para a exposição em homenagem a Fernando Pessoa que visitamos na Sede Cultural dos Correios; para o chá da tarde na Colombo; e as conversas no sobe-desce no Pão de Açúcar. Arredio a fotos, foi difícil registrar a estampa do cara (vide foto, que, lógico, não retrata a beleza maior do Pedrosa: a gentileza, o carinho, a cultura e o bom-humor).

Nós e Pr. Jônatas, na Assembléia Penial (Duque de Caxias)
O bom do Rio é que o belo vai muito além do óbvio. Na singela Duque de Caxias (Baixada Fluminense), pudemos contemplar a beleza de um casal abençoado, que muito nos ensinou. Pr. Jônatas Leal e sua esposa, a missionária Jaqueline Leal, nos deram o privilégio de conhecer a sua igreja (Assembléia de Deus Peniel). Foi num sábado pela manhã, durante um culto de muitas mensagens e testemunhos. Tive a honra de estar no altar e poder falar da minha alegria de ver como Deus se agrada da simplicidade, e que não precisa de templos suntuosos para manifestar a sua glória.

E é claro que eu não passaria por terras cariocas sem estar face a face com o professor/escritor/conservo/blogueiro/amigo... Alberto Couto. Que jantar agradável ele nos proporcionou. Degustamos as suas histórias: a alegria como falou da casa nova e de sua família; o bom humor refinado; a sabedoria modesta; o testemunho de conversão... Após o jantar, um passeio por Jacarepaguá e uma foto à porta de sua casa, para a posteridade.

Couto e eu. Notem a placa na porta do cara: homem sábio
Pois é, não bastasse a paisagem, Deus achou de nos presentear com pessoas maravilhosas na Cidade Maravilhosa. A elas, remeto virtualmente um caloroso abraço saudoso. Muito, muito obrigado mesmo! Deus abençoe.

sábado, 4 de junho de 2011

Sai da lama, jacaré!




Veja com são as coisas. Eu nem queria, mas... buscava no Youtube algo que pudesse ilustrar um post que pretendia fazer sobre uma tal “Unção do Esquecimento”, quando, meio sem querer querendo, deparei-me com essa pérola aí do vídeo. Há tempos não via algo tão... faltam-me palavras para descrever.

Pois é, contra o “Exu da Lama”, use “sabonete Gizuiz” ungido em Israel. É tiro e queda. Detalhe: o futuro usuário precisa receber o produto na tal “Sexta-feira Forte”. Fico pensando na pessoa que assistir a esse vídeo no domingo. Vai ter que continuar o resto da semana “no lamaçal”, cheirando a sei lá o quê. Tá ligado?!

Gente, e o gordinho da esquerda. Coitado! A cara dele de assustado é impagável. O reboque do irmão da lama, no final, foi um exemplo poderoso da “unção do guindaste coletivo”. Tá ligado?!

Confesso que fiquei na dúvida se se tatava de um vídeo verdadeiro ou uma paródia das invencionices que temos visto por aí. Fica o registro, para avaliação dos leitores.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Minha Bíblia virtual

No meu aniversário, ganhei do meu pastor uma “Bíblia Glow”, considerada “a Bíblia digital” e evolução da famosa “Ilumina”. Lançada em 2009 nos Estados Unidos – onde já soma mais de 65 mil instalações -, a “Glow” é obra-prima de um brasileiro, o engenheiro e cristão Nelson Saba (foto abaixo). Para os ditos jovens “descolados” de nosso tempo, ele talvez se enquadre no rótulo de “nerd”. Formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA (só quem estuda muito consegue cursar engenharia no ITA), ele trocou o emprego em Nova York por uma missão: elaborar o que considera a “Bíblia digital definitiva” e, claro, converter o mercado a adotá-la.

A “Glow” foi lançada em agosto do ano passado no Brasil e, até o momento, vendeu cerca de 8 mil unidades, número modesto se comparado ao norte-americano. Mas, nada que desanime Saba, que aposta no mercado nacional e costuma ser discreto ao falar de se suas convicções cristãs - coisa de “nerd”. E falando em nerds, outro dia assistia ao Profissão Repórter, cuja temática era a bebedeira entre jovens brasileiros e um deles, à porta de uma Universidade, revelou à jornalista que preferia beber a assistir aula, e que os “únicos que estavam em sala naquele momento eram o professor e os nerds”. Pois é, mané, os “nerds” são caras como Nelson Saba, que se deu ao luxo de trocar um emprego bem remunerado em Nova York para se dedicar a um sonho. E adivinha? Está ganhando milhões de dólares com isso.

Voltando a falar da “Glow”, confesso que ainda preciso me adaptar melhor a esse admirável mundo novo da tecnologia da informação. Infelizmente, ainda não tive o tempo adequado para conhecer a super-Bíblia digital em toda a sua magnitude. Até porque sou do tipo que privilegia manusear as páginas reais das Sagradas Escrituras; folhear suas folhas de papel fino; aproximar os olhos do livro para conferir as minúsculas letras das notas de rodapé; ler e reler um certo versículo, deixando a Palavra penetrar a alma; ir e vir do AT ao NT, etc. Para mim, dificilmente um computador poderá substituir esses pequenos prazeres.

Todavia, não sou adverso às novidades tecnológicas, pelo contrário. Não vejo problema algum nos irmãos que carregam a Bíblia no celular, ou nos pregadores que usam o notebook no púlpito. E daí se um jovem prefere ler a Palavra em seu palmtop? Lê-la é o que importa. A palavra é, e sempre será, viva e eficaz (Hb 4:12), seja ela oral (como nos primórdios), manuscrita (como nos originais), impressa ou em caracteres virtuais. Vale o que está escrito. De uma forma ou de outra, ela não passará (Mt:24:35). Portanto, não vejo a hora de degustar a minha “Bíblia Glow”, cujo único problema, a meu ver, é o preço (R$ 140,00, em média). Mas, como já disse, fui abençoado com uma. Aleluia!


terça-feira, 19 de abril de 2011

Semana Santa e religião

Primeiramente, aviso aos poucos, porém queridíssimos, leitores do CrentePensante que estou vivo. Foram os afazeres e, confesso, um pouco de desleixo que me fizeram ausente da blogosfera por certo tempo. Mas, enfim, vamos seguindo, aos trancos e barrancos. Li ontem a notícia abaixo e resolvi postá-la, para a reflexão dos visitantes. Na seqüência, as minhas considerações sobre o assunto. Segue a notícia: 

Última Ceia aconteceu na quarta, e não na quinta-feira

A última ceia que Jesus Cristo compartilhou com seus 12 apóstolos na noite da Quinta-feira Santa aconteceu, na realidade, numa quarta-feira, afirma um especialista britânico em livro publicado pela Universidade de Cambridge. "Descobri que 'A Última Ceia' aconteceu numa quarta-feira, em 1º de abril do ano 33", declarou ao jornal "The Times" o professor Colin Humphreys, da Universidade de Cambridge.

No livro, intitulado "The Mystery of the Last Supper" ("O Mistério da Última Ceia"), o catedrático acrescenta mais uma tese a um tema que divide teólogos e historiadores. "Esse é o problema: os especialistas em Bíblia e os cristãos acreditam que a última ceia começou depois do pôr do sol de quinta-feira, e a crucificação foi realizada no dia seguinte, às 9h. O processo de julgamento de Jesus aconteceu em várias áreas de Jerusalém. Os especialistas percorreram a cidade com um cronômetro para ver como podiam ocorrer todos os acontecimentos entre a noite de quinta-feira e a manhã de sexta-feira: a maioria concluiu que era impossível", enfatizou o professor, segundo trechos do livro.

Os discípulos Mateus, Marcos e Lucas dizem que a última ceia foi uma refeição pascoal, enquanto João afirma que aconteceu antes da Páscoa judaica. "A solução que encontrei é que todos têm razão, mas que se referem a dois calendários diferentes", explica o pesquisador. Reconciliando os dois calendários, o professor concluiu que a última ceia aconteceu, na verdade, na véspera da Quinta-feira Santa.

Comentário do editor:
Admiro esses estudiosos que esmiúçam a Bíblia em busca de novas descobertas, baseados nas informações textuais ali contidas. Eu mesmo, caso tivesse o tempo necessário e, claro, aptidão para tal, gostaria muito de mergulhar mais fundo nas escrituras, passear in loco por sua geografia, reviver os passos dos homens e mulheres lá descritos. Faria isso não apenas para matar curiosidades pessoais, como também para aprofundar conhecimento e, certamente, fortalecer ainda mais a minha fé. Mas, por ora, devo contentar-me em comentar, à distância, as descobertas dos especialistas, a exemplo do referido senhor Colin Humphreys, de Cambridge.

Pois bem. Considero válidas as suas conclusões, embora pense que o valor maior da Santa Ceia não esteja na exatidão do dia ou da hora em que ela ocorreu. Creio que a tese de Humphreys, suponho, deva tirar o sono somente de religiosos afeitos a rituais relacionados às chamadas datas santas, tipo a “obrigação” de comer apenas frutos do mar na Semana Santa - para desespero dos açougueiros e alegria dos peixeiros. Aliás, conheço gente que passa o ano inteiro bebendo todas, traindo a esposa, mentido a torto e a direito, etc., mas na Sexta-Feira Santa não abre mão do “sacrifício santo” de comer peixe ou marisco – de preferência um escabeche ao ponto, uma bela de uma anchova na brasa, ou mesmo a “torturante penitência” de degustar uma camaroada na moranga. Quanto “sacrifício”!

Reafirmo que a data e hora exatas da refeição com os apóstolos, a meu ver, é o que menos importa diante das inúmeras lições de sacrifício e amor contidas na Nova Aliança selada pelo Senhor naquele momento singular de sua passagem pela Terra.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Minha fé racional-espiritual

Sujeito a levar bordoadas de alguns leitores, aí vai um pensamento meu para reflexão:
“Para que haja uma conversão plena, é preciso que esta se dê não apenas no âmbito espiritual, mas também no intelectual”.

Amparo esse pensamento na forma como Jesus lidava com seus discípulos. Embora tivesse a evidente preocupação de orientar os apóstolos a evoluírem na fé, Ele claramente os encorajava a crescerem também no intelecto. Não são poucas as passagens na Bíblia em que vemos o Senhor provocando seus seguidores a usarem da “cuca”. Com sua maneira peculiar de ensinar, instigava-os a questionar e a buscar o conhecimento, principalmente nas Escrituras.

Em Atos 4:13, por exemplo, vemos um Sinédrio maravilhado com a forma de falar de Pedro e João, outrora simples e iletrados pescadores, mas à ocasião eloqüentes e firmes defensores de sua fé em Cristo. Considera-se, obviamente, o fato de os apóstolos serem homens cheios do Espírito Santo, o que lhes garantia a convicção e o poder espiritual necessários à obra a qual foram designados. Entretanto, é também notória a maturação intelectual daqueles discípulos, cujas palavras evidenciaram, diante dos líderes religiosos, o fato de que eles haviam aprendido a lição do Mestre.

Não é à-toa que a Palavra nos ensina a crescer não apenas na graça, mas também no conhecimento e, assim, permanecermos firmes na fé e no Evangelho do Senhor (2 Pedro 3:18). Amiúde, vejo pessoas rendendo-se às boas-novas de Jesus e, com isso, dando passos em direção a uma experiência de fé. Todavia, muitos passam a trilhar esse caminho de forma sinuosa, com o intelecto adormecido - seja pela falta de um discipulado sistemático ou por força de doutrinas que alimentam, no cristão, uma fé sensorial, baseada em emoções. Assim, é comum observamos crentes que ainda pensam como descrentes, cambaleantes em suas convicções, inseguros de raciocínio lógico sobre a própria crença. Resultado disso? Faltam-lhes argumentos que os tornem, na prática, defensoras autênticas de Cristo e de seus ensinamentos, além de carecerem de segurança para evangelizar outras pessoas, pois seu conhecimento acaba tão superficial quanto a sua fé. 

Para concluir, recorro à intelectualidade espiritual de Paulo. Quando o apóstolo alerta seus discípulos, em 1 Coríntios 13:11, sobre a diferença de atitudes entre um menino e um homem, interpreto que uma fé legitimamente madura precisa deixar de lado as  meninices, as fábulas, as invencionices, para estar firmada no co¬nhe¬cimento e no posiciona¬mento crítico-reflexivo sobre as verdades do Evangelho. De outro modo, corremos o risco de nos tornar homens de coração dobre, levados por qualquer vento de doutrina (Tiago 1:6-8), muitas vezes afun¬dados na superficialidade (perdoem-se o contra-senso poético) de um legalismo sem sentido, que nos priva da razão libertária de Cristo. 

(E os que, baseados nessa reflexão, pensarem que eu não acredito em milagre, na manifestação sobrenatural do Espírito Santo e no poder da fé é porque não entenderam direito o que eu quis dizer. Fazer o quê.)

terça-feira, 1 de março de 2011

“Marina” atrás do trio

Gente, depois do Tiririca, do Ronaldinho Gaúcho e da Dilma Rousseff, chegou a vez de Marina Silva ganhar uma máscara carnavalesca (foto) em sua “homenagem”. Sendo assim, a declaradamente evangélica ex-candidata à Presidência provavelmente terá “seu rosto” flagrado atrás de trios elétricos, se esbaldando em blocos de rua ou entornando todas nas dependências da Marquês de Sapucaí.

Pensando bem, eis uma grande oportunidade para aqueles “cristãos evangélicos” que adoram uma máscara nova. São os mesmos que encontram “base bíblica” para pisar o pé na lama no Carnaval e voltar para a igreja depois da farra com a consciência super-tranqüila - afinal, é como diz a velha marchinha carnavalesca: “o Carnaval é a invenção do diabo que Deus abençoou” (essa é a famosa me engana que eu gosto). Com a máscara da Marina, o crente-folião poderá chutar o pau da barraca à vontade, sem perder a “identidade” de crente. E crente famosa. Quer coisa melhor do que isso?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jesus nas universidades

“Por que Jesus não pode entrar nas universidades?”. Esse o tema da 2ª Jornada Acadêmica Cristã, cuja meta é ampliar a visão e os conhecimentos daqueles que estão envolvidos, direta ou indiretamente, no meio acadêmico. A jornada acontece até sábado (21), na sede da Sociedade dos Artistas Evangélicos do Maranhão (Saem), a partir das 18h.

Em sua segunda edição, a Jornada Acadêmica Cristã debate temas instigantes como “Estratégias de Evangelismo Radical”, com o Pr. Ivan, de Brasília, conhecido como “Pastor Insano”, “Leis Anti-cristãs”, com o deputado Lourival Mendes, “Cristo versus Ciências”, entre outros. Além dos debates, a programação inclui apresentações culturais.

O projeto é uma iniciativa do Comitê Internacional de Proteção aos Cristãos Perseguidos e do Movimento Universitário de Evangelismo (Mude), que realiza eventos e reuniões de evangelismo dentro das universidades de São Luís. Entre os organizadores do projeto, estão estudantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA(, Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Faculdade Atenas Maranhense (Fama) e Uniceuma.

A sede da Saem, onde acontece o evento, fica na Avenida Joaquim Mochel, 51, Cohatrac IV. A entrada é livre. Para mais informações, entrar em contato pelo e-mail jornadacrista@gmail.com ou pelo telefone (98) 8866-7306.

Nota do editor:
Iniciativas assim mostram que o cristianismo está mais inserido nas universidades do que muitos pensam. O meio acadêmico tem, cada vez mais, compreendido o valor dos ensinamentos de Cristo e a importância da Bíblia na formação intelectual e moral da sociedade. Louvo a Deus por atitudes como essa, a qual, penso eu, não se mostra interessada em levantar bandeiras denominacionais, mas na formação de uma igreja pensante, consciente e preparada intelectualmente para cumprir seu papel nesse mundo.  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Será possível sermos um?

Em meio à pluralidade de denominações cristãs em nossos dias, fica difícil conciliar um pensamento de unidade que possa se aproximar do modelo original observado na igreja primitiva. As diferenças doutrinárias, teológicas e culturais não são poucas. Do ré-té-té ao tradicionalismo radical, do presbiterianismo ao neo-pentecostalismo, pairam particularidades capazes de confundir o juízo de qualquer cristão.

Há quem veja pontos positivos nessas diferenças, afinal, “o importante é falarmos de Jesus” – diriam os conciliadores. Complicado, entretanto, é saber se o Jesus de que se fala em certas igrejas é o mesmo das Sagradas Escrituras, ou é um “Jesus” pré-moldado para atender a conveniências pessoais. Convém frisar a impossibilidade, a meu ver, de unidade entre igrejas coerentes com a Palavra e outras que agridam frontalmente as Escrituras, em nome de suas doutrinas de homens e da idolatria religiosa.

Pergunto: Diante de tantas diferenças, será possível encontrar um ponto de convergência que justifique o fato sermos todos irmãos, salvos no mesmo (e único caminho) Jesus? Sem dúvida que sim, pois a graça, mediante a fé no Cristo que se fez carne, morreu e ressuscitou, é o que nos credencia à salvação, e não essa ou aquela instituição religiosa.

Apesar do crescimento do número de evangélicos no Brasil e do nascimento indiscriminado de novas igrejas no país, alegro-me na certeza de que denominações sérias e alicerçadas na Palavra estão se fortalecendo e investindo na formação de ceifeiros pensantes, movidos pela convicção da graça e de Reino. Vibro quando vejo igrejas esquecendo as diferenças teológicas, derrubando barreiras hermenêuticas, pela unidade do corpo.

Penso nisso, e me vem à mente a passagem em que Jesus menciona “a porta estreita que leva à vida” (Mt 7:14). Ao que se sabe, a Bíblia não menciona placas denominacionais acima da porta estreita. Logo, há um chamado salvífico comum para a igreja-noiva, a igreja-corpo do Senhor. Enquanto isso, as diferenças continuarão por gerar bons debates teológicos por aqui. Mas, sem jamais esquecermos da graça que nos faz um só em Cristo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bíblia para quem precisa

Tempos atrás, fui convidado a pregar em um povoado da cidade de São Domingos do Maranhão (a 400km de São Luís), um lugarejo de pessoas muito simples e carentes de recursos financeiros. Lá fui eu, feliz da vida! Enquanto o dirigente do culto fazia a abertura, percebi muitas pessoas sem a Bíblia. Solícito, ofereci a minha imponente Bíblia de Estudo a uma senhora que estava próxima a mim. Ela, meio envergonhada, respondeu-me: "Eu não sei ler, não senhor".

Eu, que havia planejado ministrar uma determinada mensagem, recorri, meio sem jeito (e aperreado) ao Espírito Santo, pois só Ele poderia me dar as palavras certas, com a simplicidade verdadeira do Evangelho, para pregar àquelas pessoas, numa linguagem na qual elas pudessem compreender. Foi um culto marcante na minha vida, pessoas se converteram, e sai dali diferente e pensativo.

Hoje, criticamos muito aqueles que distorcem a essência da Palavra, com heresias e invencionices de todo tipo, mas não podemos esquecer que "falar grego" para parecer culto, ou, como certos pregadores, pregar trechos e mais trechos "em línguas estranhas", para parecer ungido, não cumpre em nada o básico mandamento do "ide e pregai o evangelho a toda criatura".

Vez em quando, ainda esqueço da lição que aprendi naquele lugarejo, no interior do Maranhão, e profiro algumas palavras pomposas. Daí me lembro da simplicidade de Jesus e reconheço o quanto ainda preciso aprender a depender mais do Espírito Santo, sem o qual nenhuma palavra ministrada, seja ela de difícil ou fácil compreensão, teria sentido.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

“Evangelho” para boi dormir

A coisa está feia, irmãos. Não foi à toa que Deus nos advertiu, desde tempos idos, sobre o perigo da falta de conhecimento (Os 4:6). Quando estamos recém-convertidos, somos tal esponjas em poça d’água, absorvemos tudo, sem a devida noção de certo e errado, ávidos pelo novo de Deus. Mas, aqueles que prosseguem na caminhada, os mais atentos e questionadores, logo descobrem que nem tudo o que se ouve por aí tem fundamento bíblico - ou qualquer fundamento.

Veja bem: quero excluir desse comentário as clássicas quizilas teológicas entre arminianos e calvinistas, ou mesmo velhas pendengas doutrinárias entre assembleianos e presbiterianos, pentecostais e batistas tradicionais, as quais, via de regra, pairam no universo da hermenêutica, mas com seus respectivos amparos nas Escrituras Sagradas. Quero centrar fogo aqui nas invencionices que se vê por aí, fruto da “criatividade” ou da imaginação (in)fértil de certos pregadores. Chamo-as de “evangelho” para boi dormir, para enganar trouxa e desviar a atenção do Caminho.

Nessa ceara, vemos os mais escabrosos absurdos, desde rosa ungida, “água benta” gospel, óleo santo do Monte das Oliveiras... entre outros amuletos, que em pouco se diferem de objetos místicos como pé de coelho, figa, trevo de quatro folhas ou cristais. Inventar talismãs milagrosos é contribuir com a formação de crentes supersticiosos, místicos, adestrados à idolatria de objetos e de falsos profetas.

Cito ainda pregações acerca de revelações miraculosas, no estilo toma-la-dá-cá, que garantem “bênção extra” àqueles que ofertarem altas quantias, sempre ao comando do “profeta” (estilo Mike Murdock, Morris Cerullo e Cia.).

Há ainda um perigo velado, alheio aos menos observadores e perfeito aos recebedores de bênçãos. Trata-se da prática de se pregar palavras ou idéias que não estão na Bíblia como se estivessem. Um exemplozinho clássico: “A Bíblia diz que o cair é do homem o levantar é de Deus”. Frases como essas são até “aceitáveis” dentro de um contexto ilustrativo, mas jamais precedida da afirmação “a Bíblia diz”, porque não diz. O que a Bíblia diz é: “(...)se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro” (Ap 22:18). E ainda: “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando (Dt: 4:2).

Sei que essa conversa não é nova. Aliás, o assunto é recorrente entre apologistas e estudiosos cristãos (recomenda-se “Erros que os Pastores devem evitar”, de Ciro Zibordi). Mas, volta e meia, vale lembrar o compromisso que se deve ter com o bom ensino da Palavra, com a doutrina apostólica, com o evangelho genuíno. Dizer que a Bíblia diz o que ela não diz é enganar os ouvintes, é dar mau testemunho, sem falar no risco de o pregador parecer pouco conhecedor das Escrituras.

Como igreja, temos um papel crucial na formação de cristãos firmados na verdade de Cristo, na solidez do aprendizado constante da Palavra (Os 6:3). Nessa missão, inclua-se a postura de não se omitir acerca do evangelho da cruz, do arrependimento, o que se difere radicalmente do “evangelho” açucarado de alguns líderes, preocupados em garantir números e numerários pomposos a suas igrejas. Fico pensando se certos pastores (ou apóstolos, bispos, etc), com suas aeronaves, carros importados, gordas contas bancárias e seus milhões de seguidores, conseguirão passar pela porta estreita (Mt 7:13) com tanta gordura “santa” a queimar. Enfim, cada qual sabe a missão que tem. É ou não é?