Quando comecei a arriscar meus primeiros traços como chargista na imprensa do Maranhão, vi em Glauco uma de minhas referências. Impactou-me o traço simples, quase infantil, e a forma genial de ser sutil e escrachado ao mesmo tempo.
Confesso que, até ontem – quando fui surpreendido com a morte absurda do cartunista –, não sabia de suas convicções religiosas. Só tinha olhos para a sua arte.
As informações ainda meio obscuras sobre o assassinato do artista trouxeram a público um lado místico/espiritual até então restrito às pessoas de seu convívio. Fundador da Igreja do Céu de Maria, inspirada nos cultos do Santo Daime, Glauco certamente conviveu com seu assassino em cultos e reuniões, já que o universitário Carlos Eduardo Sandfeld Nunes, de 24 anos, freqüentou a comunidade. Segundo testemunhas do crime, o jovem chegou à casa de Glauco dizendo que era Jesus.
Em meio a fatos e especulações sobre a bárbara morte de Glauco, emergem questões que apontam para mais um caso absurdo de violência no Brasil, mas também para a tragédia do engano religioso – que ocorre, inclusive, dentro das igrejas evangélicas – que confunde e “assassina” multidões de jovens em nosso país.
Não convém agora fazer ilações sobre as causas que levaram ao distúrbio mental daquele jovem. Mas, tomo essa situação triste como exemplo para alertar contra as armadilhas da religiosidade mística que levam as pessoas a um caminho sem saída em busca de Deus. O Caminho é simples. Não precisa de subterfúgios, de chás alucinógenos, de rosas ungidas, de água benta evangélica ou de “milagres” de ocasião. O caminho que nos leva a Deus nos é dado pela graça mediante a fé em Jesus Cristo. Ponto final.