terça-feira, 1 de junho de 2010

Fifa punirá "comemoração religiosa" na Copa do Mundo


Johanesburgo - A Fifa pediu aos jogadores de futebol moderação na expressão de fé durante a Copa da África do Sul, que acontece de 11 de junho a 11 de julho. Um comunicado já foi enviado às federações de futebol dos países que disputarão a competição na tentativa de impedir que seus atletas festejem gols e vitórias com mensagens religiosas. E o Brasil é um dos que mais preocupam a Fifa quando se trata de manter religião e futebol separados. O uso de mensagens escritas em camisetas por baixo do uniforme já é proibido. Mas, em várias ocasiões, atletas têm esperado o final da partida para orar e exibir mensagens.

A primeira grande polêmica surgiu quando o Brasil ganhou da Alemanha em 2002 e conquistou o penta. Há um ano, o tema voltou a fazer parte de debates da Fifa na conquista da Copa das Confederações, na África do Sul. As autoridades esportivas insistem que não querem transformar a Copa em evento político ou religioso. Mas vivem situação delicada, já que a aplicação de multas pode dar a polêmica impressão de cerceamento religioso.

Jérome Valcke, secretário-geral da entidade, acredita que a solução é pedir o compromisso das seleções para evitar as mensagens religiosas. A Fifa insiste que não há problema em incluir religiosos na comitiva, mas proíbe a promoção de qualquer religião [pastores e padres são permitidos nas comitivas e nas concentrações, mas não devem participar de atividades ligadas às partidas oficiais da Copa].

"Fomos comunicados sobre essa questão e todos os jogadores estão alertados", disse o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva. De acordo com ele, no entanto, é difícil controlar algum ato espontâneo de atletas no momento de comemoração. "Não falo só do Brasil. É algo delicado também para outras seleções".

Comentário do editor – Concordo com a decisão da Fifa, embora vibre todas as vezes que vejo Kaká e outros jogadores professarem o nome de Jesus em campo. Mas não vamos misturar as coisas. A regra tem que valer para todos. Já imaginou um adepto do candomblé realizando um despacho no meio de campo para comemorar um gol? Ou um mulçumano comemorando seu gol ajoelhado em direção a Meca? Religiões à parte, a comemoração faz parte da alegria do futebol e vale a criatividade, a espontaneidade, a ética e, claro, decência de cada jogador.