segunda-feira, 19 de abril de 2010

Deu a "Loka"

Um fotógrafo, um clic bem dado, um gesto expansivo de uma jovem de 19 anos e uma rede mundial de computadores. Eis os ingredientes necessários para se fazer nascer uma celebridade. Anos de estudo que nada, o negócio é investir no "nada com coisa alguma", desde que desperte a curiosidade e o riso nas pessoas.

Foi assim com a “Loka do Rio Anil”, o fenômeno. A estudante Mariana Vieira acabou transformada em celebridade da noite para o dia por estar no “lugar certo” na “hora certa”. Era tarde de quinta-feira, horário em que muitos jovens que se preocupam com o futuro estão na escola ou estudando em casa, ou mesmo devorando um bom livro. Mas ela não. Mariana estava lá, assim como uma multidão de outros desocupados, à espera do abrir das portas no mais novo shopping de São Luís, o Rio Anil Shopping. Quando as portas se abriram, a jovem não teve olhos para elas, mas para o fotógrafo [Biaman Prado] que, sem querer, lhe abriria as portas para o estrelato.


A foto original [vista acima] acabou publicada no site www.imirante.com e, por obra de dois internautas [não menos desocupados do que a multidão que estava no shopping] caiu na grande rede com direito a site pessoal e twitter personalizado em homenagem à agora batizada “Loka do Rio Anil”. Pronto. Em fração de minutos, passaram a chover montagens fotográficas com a Loka [exemplo ao lado] e acessos a blogs que divulgavam a nova celebridade. Só para citar um exemplo, o site Imirante recebeu 38 mil acessos para o assunto em apenas 24 horas.

Confesso que esperei a poeira sentar para falar sobre o assunto. Não tenho dúvida de que se trata de mais um dos fenômenos midiáticos chinfrins do nosso século, e comparável - com a devida proporção, claro - à Susam Boyle - o “patinho feio” que virou febre no You Tube. De anônima à sucesso na internet - ainda que sendo ‘zoada’ por milhares de pessoas - Mariana Vieira, a Loka, gostou da brincadeira e está curtindo a fama com bom-humor. A "Loka do Rio Anil" é um exemplo típico daquilo que sacia uma grande parcela dos consumidores da internet hoje: uma boa dose de besteirol.

Apesar de conviver diariamente com o universo da Comunicação, de ser internauta por necessidade profissional e de já ter visto muita coisa absurda na telinha do computador, ainda fico espantado com o poder da grande rede de produzir fenômenos capazes de idiotizar ainda mais a nossa já tão limitada capacidade de pensar. Internet: criamos um monstro.