As mulheres que me desculpem, mas agora vou falar de assunto de homem: TPM. Eis um tema espinhoso – perigoso, melhor dizendo –, não recomendado para marmanjos sensíveis ou de nervos frágeis. Começo defendendo a tese (de minha autoria) de que as maiores vítimas da famigerada Tensão Pré-menstrual não são as mulheres. A despeito da sensação de estar à beira de um ataque de nervos e da cara de poucos amigos – entre outros efeitos que só Deus é capaz de decifrar –, não são elas as mais torturadas pela impiedosa síndrome. Somos nós, homens indefesos, as maiores vítimas da dita-cuja.
Especialistas no assunto atestam que a TPM acomete 75% das mulheres. Mas há quem diga que apenas 35% dos casos são considerados de “alta periculosidade” – para nós, é claro. A propósito, creio que se houver alguma leitora aí vivendo os seus “dias tenebrosos” posso estar correndo risco de linchamento só pela audácia de falar de algo que, organicamente, não me diz respeito.
A TPM é também chamada de Síndrome Disfórmica Pré-menstrual (até o nome assusta), causada por uma disfunção hormonal. Detalhe: dizem que fica mais intensa com o passar dos anos. A fase crítica ocorre entre os 45 e 50 anos, com a proximidade da menopausa. É isso mesmo, irmão, a coisa ainda pode ficar pior para o nosso lado.
Tudo bem, por misericórdia de Deus, os homens não precisam menstruar. Mas, quem sabe por justiça divina, estamos, por outro lado, fadados a sofrer sob a alça de mira das três letrinhas que resumem, precisamente, o estado em que nossas amadas ficam com os nervos à flor da pele. Quem é casado ou tem namorada sabe do que eu estou falando. Ao menor passo em falso e lá vem uma bordoada certeira, ou um choro inexplicável que nos corta o coração, ou mesmo aquele olhar tristonho que te faz sentir-se uma ameba insensível.
Gosto de contrariar a ciência. Por isso, também tenho minhas três letrinhas para definir a tensão que acomete as mulheres no período pré-menstrual: IAF, ou Indecifrável Apaixonante Feminilidade. Confesso: sou uma vítima fascinada por “minha algoz”.
Dia desses, minha mulher estava com TPM. Evidentemente que eu só me dei conta depois de algumas reações típicas da fase. “Você não me com preende”, disparou ela. Existe frase mais desesperadora de se ouvir de alguém que você julga com preender como nin guém? Mas é justamente nesse universo que habita o mistério: a TPM é a certeza de que todos os meses nós, homens, temos o privilégio de descobrir algo novo em nossas amadas. A tentativa de decifrar a “metamorfose” mensal delas, mergulhar mais fundo no seu mundo, é uma aventura perigosa, mas, no fim das contas, prazerosa.
Percebi que a TPM é para as mulheres como o álcool para algumas pessoas: depois de algumas doses, funciona como revelador de angústias e verdades. E é aí que a mesmice do relacionamento perde terreno. É o momento de focarmos nossos esforços na tentativa de decifrar o indecifrável, resignados a ser, para elas, um homem melhor a cada mês. Muitos de nós, claro, desistem no meio do caminho e atribuem a culpa a elas, quando o fracasso é unicamente nosso.
Enfim, viva a TPM, nosso exercício mensal de amor e paciência! Somos as suas maiores vítimas? Sim. Viva o meu lado masoquista.