quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para pensar sobre a verdade

Que é a verdade? – perguntou Pilatos a Jesus (João 18:38), com um certo ar irônico.
Instigado pela pergunta do governador romano, indaguei ao Senhor, na minha reles insignificância: – Mas, afinal, o que é mesmo a verdade?

Creio que Deus, na sua infinita misericórdia e paciência, clareou a minha mente da seguinte forma: – A verdade habita naquilo que escolhemos crer.
Logo, podemos dizer que a verdade – embora sugira ser a essência de algo irrefutável – depende de um posicionamento racional a fim de existir. O problema está exatamente aí, na razão. Ora, sabe-se que há pluralidade de pontos de vista, idéias e conceitos povoando a mente de nós, seres pensantes e “se achantes” (que se acham donos da verdade; aliás, nada mais fantasioso da nossa parte). Nesse caso, pergunto: – Se a verdade depende de uma escolha, como dizer se tratar de algo irrefutável?

Explico a pergunta: – A “verdade” (entre aspas mesmo) não pode ser considerada absoluta se algo que eu escolho acreditar como verdadeiro pode não o ser para outra pessoa. Dessa forma, até a mentira pode se tornar uma “verdade”. Aliás, isso é bastante comum em nosso “tenebroso mundo-novo”, onde novelas e filmes nos pintam uma realidade virtual (mentirosa), como se falassem, de fato, do mundo real.

Cito um exemplo: dia desses li na internet que a personagem da Maité Proença foi eleita a mais “estilosa” no site da novela das oito. Sobre a personagem, soube tratar-se de uma adúltera compulsiva, dissimulada, mentirosa e que agora arma tramóias para roubar o namorado da filha. Indaguei-me: ­– Essa é a figura mais “estilosa” na opinião da maioria de um grupo de telespectadores da novela? – Seria a tal personagem a mais nova heroína das milhões de mulheres traídas por seus maridos nesse país?

Nota-se, portanto, que a “verdade” que nos passa a novela é a de que uma mulher de meia-idade, chique, bonita, “modernosa”, mas ao mesmo tempo adúltera compulsiva, mentirosa, mau-caráter e mentirosa, é digna de admiração ao personificar a revolta das mulheres brasileiras maltratadas por seus cônjuges. “É muita falta de absurdo”, como costuma dizer um colega de trabalho.

Refletindo sobre as meias-verdades do mundo e as verdades de Deus, percebi que, talvez, a maior dificuldade de um pregador do evangelho, em luta contra a nossa já citada pluralidade de pensamentos, seja transmitir a Palavra de forma convincente àqueles que não estão dispostos a abrir mão dos próprios conceitos sobre a verdade. Afinal, como falar da Bíblia para quem não acredita nela?

Consolo-me, por experiência própria, com duas vertentes do que considero verdadeiro: primeiro, não sou eu quem convence alguém das verdades bíblicas, mas o seu Autor; segundo, meu papel é tão somente o de anunciador das boas-novas, doa a quem doer e sirva a quem servir.

Quanto à idéia do que seja a verdade, afirmo que já escolhi a minha. E vivo-A intensamente, e sinto-A no mais profundo do meu ser. Por ela fui alcançado, liberto, remido e renovado. Escolhi a verdade de Cristo. Não apenas por querer crer, mas por decidir conhecê-Lo. E uma vez conhecendo-0, entendi o que não se pode explicar. Pilatos não entendeu essa verdade. Ele escolheu acreditar naqueles que queriam crucificar a Jesus e no povo enganado, que escolheu libertar a Barrabás.

Pilatos estava surdo por seus próprios interesses. Caso contrário, antes de perguntar a Cristo sobre “o que é a verdade”, teria ouvido o Senhor dizer: “Aqueles que são da verdade ouvem a minha voz” (João 18:37). E você, a quem tem dado ouvidos?

Salmos 119:151 – “Tu estás perto, ó Senhor, e seus mandamentos são a verdade”