Como de costume, fazemos uma lista de prioridades para o novo ano. É quando constatamos que algumas dessas “prioridades” encabeçam a relação do ano passado de “metas imprescindíveis” a cumprir. Ou seja, mais uma vez adiamos o que deveria ser inadiável, não fosse a triste capacidade humana de postergar exatamente o que não deve.
Por exemplo: pelos meus planos, eu deveria, ao fim de 2010, estar pesando uns quatro quilos a menos, com direito a barriga zero. Sem falar no meu segundo livro de charges, que sairia do prelo, “sem falta”, no segundo semestre. Li e estudei bem menos do que planejara..., enfim, não vou chatear o leitor com outros itens não cumpridos “da minha lista de prioridades de 2010”. Além do mais, procuro ver sempre o lado bom das coisas: não precisarei fazer uma lista nova para este ano; vou reciclar a velha mesmo, com o cuidado de criar vergonha na cara para cumpri-la. Agora vai. Acredite(o) se quiser.
Mas, afinal, por que raios deixamos tanto para amanhã as coisas que se precisa fazer hoje? Por que estabelecemos metas como “prioritárias” se elas, no fundo, não são? Se realmente fossem, daríamos um jeito de cumpri-las. Ou não? Meses atrás, um homem confessou-me que, apesar de “querer muito estar na igreja”, não conseguia abandonar velhos hábitos, como o de fumar maconha diariamente, entre outros que considerava danoso à sua vida espiritual. Com algum conhecimento de causa, disse-lhe que o problema era que seu “querer muito estar na igreja” era bem menor que a sua vontade de continuar curtindo seu(s) cigarrinho(s) do capeta de todos os dias. Nesse caso, para haver a mudança desejada, ele precisaria restabelecer as suas prioridades - o que pode começar admitindo-se as atuais.
Noutro exemplo, em um culto de domingo pela manhã, acabara de pregar quando perguntei se havia alguém disposto a reconhecer a Jesus como Senhor e Salvador de sua vida. Para minha alegria, uma jovem atendeu ao convite mas, antes de orarmos, ela revelou que há tempos vinha adiando aquela decisão, pois já freqüentava a igreja havia dois anos. Por dois anos anos aquele jovem adiou uma escolha por Jesus que, para mim - e talvez para ela mesma - deveria ser urgente!
Casos assim corroboram com minha tese de que somos especialistas em adiar prioridades, para privilegiarmos as facilidades. Ao escolhermos as coisas fáceis, empurramos para o fim da fila atitudes que, a rigor, representariam mudanças necessárias em nossa vida e, provavelmente, reforçariam nossa auto-estima e nossa fé.
Que em 2011 possamos inverter a ordem de importância de nossas atitudes, priorizando as realmente transformadoras. Em vez das coisas boas do mundo, busquemos as coisas excelentes de Deus. No lugar das facilidades, ajamos de forma a superar limites, ir além do óbvio, principalmente, em favor de um relacionamento mais íntimo com o Senhor, investindo numa busca pessoal consistente, sem máscaras e sem desculpas esfarrapadas do tipo “não tenho tempo”.
Tempo não nos falta. O que o ocorre é o mau uso dele. Deus nos concedeu o cronos suficiente para realizar não apenas os nossos planos, mas também para viver os planos Dele em nós. E que a lista de 2011 não se torne peça de reciclagem para 2012 - caso cheguemos até lá.