sábado, 16 de janeiro de 2010

Arrogância nossa



“Gosto do seu Cristo, mas não gosto dos seus cristãos”. A frase é de Mahatma Gandhi e vale reflexão. Se considerarmos que Gandi morreu sem Jesus e crendo que ratos e outros animais são deuses dignos de adoração [como a maioria da população da Índia crê], temos de admitir que os cristãos têm uma parcela de responsabilidade nisso. É duro aceitar, mas a nossa arrogância e nosso mau testemunho vêm sendo um entrave no alcance de muitas pessoas pela verdade de Jesus.

Somos arrogantes sim. Sob a prerrogativa de que detemos a única chave possível de acesso a Deus, subimos em nosso pedestal, altivos em nossa crença. Lembro-me da passagem em que os discípulos tentavam impedir que crianças se aproximassem de Jesus, repreendendo aqueles que as levavam [Mc 10:13]. Ou quando os seguidores do Senhor repreenderam um cego que clamava por cura [Mc 10:46-48]. Muitos de nós, ao invés de levar as pessoas a Cristo, as repelimos com nossa arrogância, nosso preconceito e testemunho reprovável.

Um dos grandes desafios dos cristãos, hoje, é passar a verdade de Cristo sem parecer orgulhoso e dono de si. Se a verdade não for sustentada pelo amor, torna o detentor da mensagem odioso e a verdade repulsiva.

Nietzsche disse certa vez: “Passarei a acreditar no Redentor quando o cristão parecer um pouco mais redimido”. Penso que muitos intelectuais até admitem sentir admiração por Jesus, mas quando olham para nós, cristãos, acabam considerando não valer a pena seguir a um Cristo que arrebanha pessoas de caráter tão duvidoso.

É por isso que não me canso de pregar aos jovens: “Parem de olhar para homens, olhem para Jesus”. Se Gandhi e Nietzsche o tivessem feito, talvez houvesse experimentado a “paz que excede todo o entendimento” [Fp 4:7], a paz que desconcerta todo intelectualismo solitário.

Quanto a nós, cuidemos de descartar a arrogância nossa de cada dia, para que o mundo possa ver em nós o reflexo do amor simples de Jesus.