segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fulguras, ó Brasil, florão da América... É hexa!


Que atire a primeira pedra aquele que sabe cantar o Hino Nacional todinho, sem errar uma sílaba sequer, ou enrrolar em uma ou duas partes na letra, ou mesmo fazer movimentos labiais, na maior cara-dura, como fazem alguns de nossos craques antes dos jogos internacionais.

Pois é, como em tempos de Copa do Mundo o nosso “patriotismo” aflora implacável, “vestimos” a camisa do Brasil, as cervejarias soltam foguetes com o consumo patriótico de geladas [inclusive por alguns “crentes”, em nome da empolgação do momento], e milhares de ambulantes tiram “o pai da forca” vendendo bandeirolas, as quais orgulhosamente afixamos em nossos carros, resolvi dar um basta na dúvida [ou seria ignorância?] e pesquisar a fundo a letra e a “tradução” do nosso Hino. Afinal, não vou ser eu a passar vergonha na hora solene de cantá-lo, uníssono, com mais 120 milhões de brasileiros.

Como disse, fui a fundo na pesquisa. O primeiro passo foi, com muito esforço, digitar no Google a chave “hino nacional” e zapt, logo na primeira opção achei tudo o que eu precisava. Lembrei-me, meio revoltado, dos meus tempos de primário, a professora mandou a turma pesquisar o Hino Nacional na Bliblioteca Pública Estadual. Tive de perambular em meio a estantes repletas de títulos empoeirados, até encontrar um exemplar de Educação Moral e Cívica. Uma “beleza”. Dá até para entender por que muitos jovens que eu conheço nunca sequer leram um livro na vida. “Ler dá muito trabalho”, disse-me certa vez um deles, para espanto meu.

Temendo que muitos já tenham desistido de continuar lendo este post [afinal, ler dá trabalho pacas] vou adiantar o motivo, quebrando o galho de vocês, poupando-lhes o esfoço sobre-humano de repetir a minha “árdua” pesquisa sobre o Hino Nacional. A partir de agora, não há mais desculpas para ficarmos dublando na hora de cantar uma letra tão simples como a do nosso Hino [segue glossário no final].

Hino Nacional:
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada (1870 – 1927)
Música: Francisco Manuel da Silva (1795-1865)
Regras: Deve ser executado em continência à Bandeira Nacional, ao presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional. É executado em determinadas situações, entre elas: cerimônias religiosas de cunho patriótico, sessões cívicas e eventos esportivos internacionais.

O Hino

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,

Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.


Gigante pela própria natureza,

És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,

Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores."


Ó Pátria amada,

Idolatrada,
Salve! Salve!


Brasil, de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
"Paz no futuro e glória no passado."


Mas, se ergues da justiça a clava forte,

Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,


Entre outras mil,

És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Glossário:
Plácidas: calmas, tranqüilas

Ipiranga: rio onde às margens D.PedroI proclamou a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822
Brado: grito
Retumbante: som que se espalha com barulho
Fúlgido: que brilha, cintilante
Penhor: garantia
Idolatrada: cultuada, amada
Vívido: intenso
Límpido: puro, que não está poluído
Cruzeiro: constelação (estrelas) do Cruzeiro do Sul [não é o time de Minas Gerais]
Resplandece: que brilha, iluminidada
Impávido: corajoso
Colosso: grande
Espelha: reflete
Gentil: generoso, acolhedor
Fulguras: brilhas, desponta com importância
Florão: flor de ouro
Garrida: florida, enfeitada com flores
Lábaro: bandeira
Ostentas: mostras com orgulho
Flâmula: bandeira
Clava: arma primitiva de guerra, tacape