terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tapa fraterno


Com o tema “Economia e Vida” e o lema “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro”, a Campanha da Fraternidade 2010, liderada pela Igreja Católica, foi lançada sob a proposta de pregar o resgate da doutrina socialmente correta do cristianismo. Perdendo terreno, ano a ano, para o segmento evangélico, o catolicismo, não por acaso, resolveu abrir o verbo contra a ganância nas igrejas.

É lógico que, ao pregarem o amor a Deus em detrimento à idolatria ao dinheiro, os líderes católicos põem na berlinda todas as religiões ditas cristãs. Mas, para bom entendedor, o tapa ideológico recai mais forte sobre certas denominações evangélicas [lê-se a ostentação de templos suntuosos, ministrações apelativas e anti-bíblicas para dízimo e oferta e, claro, escândalos financeiros envolvendo pastores brasileiros e internacionais].

Com o tema da CF simpático a grande parte da população brasileira, a Igreja Católica apresenta-se como defensora da ética cristã e exorta as pessoas [soma-se a enorme quantidade de indecisos sobre qual religião seguir] a se posicionarem contra o mercantilismo da fé.

Não pretendo aqui expor considerações sobre as intenções – sejam elas implícitas ou explícitas – dos idealizadores do lema da CF que, aliás, tiveram este ano o cuidado de angariar adesões de líderes protestantes. Prefiro aproveitar a deixa para, mais uma vez, alfinetar os vendilhões que achincalham o Evangelho, transformando o nome de Jesus em moeda para o enriquecimento ilícito. A conseqüência dessa violação [intencional] da Palavra de Deus tem sido a formação de crentes enganados e pobres [financeiramente e, claro, espiritualmente], além de líderes religiosos cheios da grana. Infelizmente o toma-lá-da-cá financeiro é pregado como verdade bíblica, numa distorção perigosa dos ensinamentos de Jesus e da doutrina apostólica.

Quem tem o mínimo de discernimento percebe a necessidade urgente de que a Palavra simples do Evangelho da cruz, do arrependimento, do amor a Deus e ao próximo volte a ecoar em nossas igrejas. Chega de mentiras, de ficar usando a bênção financeira como isca para fisgar fiéis, lotando “templos” de crentes superficiais e mal preparados para encarar as três faces do inimigo [Satanás, carne e mundo].

Aos que insistem em encontrar na Palavra argumentos para defender a teologia herética da prosperidade, deixo as seguintes passagens:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça e nem a ferrugem consomem” (Mt 6:19,20).
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.(1Tm 6:9,10).
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. (1 Co 15:19).

2 comentários:

Sandro Moraes disse...

Mano amigo, Graça e Paz! Cara, vc me inspirou a escrever sobre o tema, num outro enfoque, claro, mas obrigado. Tapa Fraterno: que criatividade! Gostei do título. Raciocínios bem linkados e maravilha a escolha dos 3 versículos no final do texto. Confesso que o de Corintios nunca havia despertado a minha atenção da forma como vc o aplicou. Sou seu fã! Abração, amigo!

Clovis Cabalau disse...

Ao Sandro,
Desde quando ouvi o tema da CF fiquei incomodado a expor um comentário. Que bom saber que o tema te inspirou também. Valeu pela visita. Sabes que a admiração é recíproca. Fica firme.

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