Essa é boa. O goleiro Buffon, da Juventus e da seleção italiana, poderia ter sido punido por supostamente ter falado o nome de Deus em vão. É que a Federação Italiana de Futebol aprovou uma nova lei em que o jogador que proferir uma blasfêmia será penalizado com cartão vermelho, caso o árbitro escute ou as imagens da televisão comprometam. O goleiro teria citado o nome de Deus durante uma partida contra a Udinese. Em um dos gols da equipe de Udine, Buffon falhou e se irritou consigo mesmo. Nesse momento, teria reclamado usando o nome de Deus. A nova regra futebolística encontra alicerce no terceiro mandamento bíblico: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão (Ex 20:7)”.
Fico me perguntando o que o “frangueiro” da Juventus teria dito contra Deus. Pensando sobre o episódio, concluo que essa é mais uma das leis questionáveis inventadas pelo o homem. Tomemos o exemplo do caso do goleiro Buffon. Vá lá que ele teria xingado usando o nome do Senhor. Mas, e se não fosse um caso de usar o nome de Deus em um ato de xingamento? E se fosse uma situação de agradecimento, por exemplo? Imagine a cena: o craque avança no meio da defesa, dribla o goleio e, na hora de bater, torce o tornozelo gravemente e perde o gol. O goleiro, batido no lance, não se contém e brada empolgado: “Obrigado, meu Deus!!!”. E aí, como é que fica? Agradecer a Deus em voz alta pela desgraça alheia seria ou não usar o nome do Senhor em vão?
O curioso da lei é que mesmo que o camarada fale de Deus pelas costas do juiz ainda há a possibilidade do flagra via câmera de TV. Se essa lei for um dia estendida para palavrões captados pela televisão, vai ser difícil sobrar jogador em campo nas partidas televisionadas. Já fiz leituras labiais de obscenidades do tipo que obrigaram o Galvão Bueno a falar uma de suas bobagens para tentar encobrir o “incobrível”.
Essa história toda valeu para me fazer refletir aqui sobre a questão do uso do nome do Senhor em vão. Convenhamos, se essa lei futebolística fosse aplicada nas igrejas estaríamos fritos. Porque se tem algo que nos acostumamos a banalizar foi o nome de Jesus. Para as coisas mais esdrúxulas usamos o nome do Senhor. Exemplos: “Eu vou conseguir emagrecer, em nome de Jesus” [quando o problema de excesso de gordura é decorrência de um descarado pecado da gula]; “Em nome de Jesus, eu vou conseguir comprar um carro importado, eu RECEBO, Senhor” [quando o intuito tão somente satisfazer à vaidade e fazer sucesso entre os irmãos da igreja], e por aí vai.
A verdade é que deveríamos pensar bem antes de abrir a boca para pronunciar o nome santo do Senhor. E aí vale uma atitude simples [que pouco se aplica aos jogadores de futebol no calor de um jogo]: pensar antes falar bobagem é sempre garantia de não levar um cartão vermelho.
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