domingo, 31 de outubro de 2010

Tempo de reformar

Foi em um dia como o de hoje que o monge alemão Martino Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg as suas 95 teses, acompanhadas de um convite aberto ao debate sobre elas. Esse episódio, ocorrido a 31 de outubro de 1517, é considerado o marco da Reforma Protestante. A data foi transformada no Dia da Reforma e é celebrada por cristãos em todo o mundo. A pergunta que paira é: será que temos motivos para festejar?

As teses de Lutero condenavam abertamente a "avareza e o paganismo" na Igreja e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências, pregadas pelo catolicismo, significavam. Ao pé da letra, indulgência é o seguinte: vem do latim indulgentia, que provém de indulgeo, "para ser gentil"; é a eliminação total ou parcial das penas temporais do cristão devidas a Deus pelos pecados cometidos, mas já perdoados pelo sacramento da Confissão, na vida terrena. A existência das indulgências é uma crença católica de que o perdão obtido pela confissão não significa a eliminação das penas temporais, ou seja, do mal causado como conseqüência do pecado já perdoado, necessitando por isso de obter indulgências e praticar as boas obras, a fim de reparar o mal que teria sido cometido. Há um equívoco comum em dizer que indulgências seria o perdão dos pecados, contudo, elas só perdoam a pena temporal causada pelo pecado. Uma pessoa continua a ser obrigada a ter os seus pecados isentos por um sacerdote para receber a salvação.

Às vezes eu fico perplexo ao constatar que os católicos usam a mesma Bíblia que nós, protestantes – salvo os apócrifos –, logo, não há como aceitar a conciliação de certos pensamentos do catolicismo com a doutrina ensinada pelo apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, e pelo próprio Jesus, o único e suficiente Salvador e responsável pelo perdão dos nossos pecados. Sacerdote nenhum, padre, bispo, papa, ou mesmo pastor, apóstolo... têm autoridade para garantir salvação a ninguém. Pelo amor de Deus, Cristo morreu na cruz e garantiu salvação àqueles cressem Nele e na sua ressurreição. A salvação é pela graça, mediante a fé (Ef 2:8).

Caridade ou mesmo mimos conferidos a padres ou pastores também não garantem um lugarzinho melhor no céu. Infelizmente, muito crente alimenta o ledo engano de que podem sofrer menos as conseqüências de seu pecado se fizer um agradozinho ao pastor.

Lamentavelmente, hoje temos visto no ceio da igreja a indulgência velada. O favor em troca da salvação. O toma-lá-dá-cá denunciado por Lutero “evoluiu”, se disfarçou, se escamoteou, se aprimorou. Já que a salvação está garantida, negocia-se a bênção, a prosperidade financeira, os títulos...

O Dia da Reforma é hoje, porque hoje são todos os dias. A Reforma continua.

8 comentários:

Brena Oliveira disse...

O que tem de gente tentando comprar a salvação nesse mundo... eita, SÓ CRISTO! O mais, fico com sua maravilhosa visão a respeito disso!
Ah, "...responsável pelo perdão dos nossoS pecados..."- Ajeita Aí amigo :D A Paz!

Rô Moreira disse...

Bom seu texto. A Reforma continua!

Alberto Couto Filho disse...

Pastor Clovis,
Alguém me ensinou que Deus nos facultou transformar vidas, mas que somente o Espírito Santo pode transformar pessoas e situações, através da renovação das mentes, orientada pela vontade soberana do Pai Eterno. Escrevi sobre isto quando quis transmitir aos leitores do nosso livro o entendimento sobre a Liderança de Jesus (Cap VII).
E o que tem isto a ver? Tem tudo”
Se transformado, regenerou-se; se regenerado , arrependeu-se; se arrependido, obteve perdão; se perdoado, salvou-se pela graça e fé, como disse o nobre ministro do Evangelho, nesta sua significativa (mais uma) mensagem, em que nos ocupa e, ao mesmo tempo, nos adverte.
Não que eu queira um “lugarzinho” melhor lá no céu, mas preciso fazer um “agradozinho” ao meu querido pastor: EETA BLOG BOM!
Prossigamos com a reforma.
Seu conservo em Cristo

Clovis Cabalau disse...

Brena, valeu pelo corretivo. Foi vacilo na digitação. Amigo Couto, recebo o agrado de bom grado. Grande abraço.

Brena Oliveira disse...

Eu sei :D... às vezes passa despercebido mesmo! Conectada 24 hrs no Crente Pensante! :)

Anônimo disse...

Meu caro Clovis, não vou entrar na questão histórica, filosofica e/ou teologica, se é que isso é possível.Ao meu ver, nunca precisamos de "Reforma".Primeiro, por que a palavra do Senhor não precisa de acréscimos ou de subtrações.E segundo por que Jesus não vem buscar uma "placa denominatória". O que precisamos fazer, tanto católicos e "protestantes", é abandonar velhas praticas antibiblicas que envergonham o evangelho do Senhor.Portanto, na minha modesta opnião a rigor não houver "Reforma".O que hove foi uma tentativa de adaptar uma religião ao modo de produção que estava surgindo, ou seja, o O modo de Produção Capitalista. o modo de produção Capitalista era incompativel com o catolicismo da epóca Medieval. Portanto, tanto o luteranismo como o calvinismo, teve mais cunho politico-econômico do que necessariamente religioso.

Wallyson Ferreira

Clovis Cabalau disse...

Querido Wallyson, se lançarmos luz à época em que a Reforma aconteceu, veremos que Lutero e outros representaram o inconformismo diante das distorções bíblicas promovidas pela igreja católica. Isso acontece até os dias de hoje, sendo que muitas igrejas protestantes também cometem as suas. Para não dizer que eu discordo de tudo que você comentou, concordo em dois pontos: a palavra do Senhor não precisa de acréscimos ou subtrações; e Jesus não virá buscar essa ou aquela denominação. No mais, considero simplório discutir a questão sob a ótica dos sistemas econômicos. E essa tese de que o luteranismo e o calvinismo serviram a ideologias político-econômicas limita a abrangência espiritual da atitude desses e outros homens que, bravamente, enfrentaram o sistema religioso da época, em defesa da verdade das Escrituras. Reafirmo, a Reforma continua. Deus escolheu homens para pregar a sua Palavra, logo, sempre haverá falhas de interpretação e a necessidade de busca intensa pela direção do Espírito Santo nessa nobre tarefa de alcançar vidas. Lembre-se: somos espirituais e teses acadêmicas não podem ser absorvidas de forma a desconsiderar a ação do Espírito. Deixemos isso para os ateus ou agnósticos.
Deus o abençoe.

Thiago Oliveira disse...

Amado Clovis...concordo com seu texto que terminou de forma excelente: O dia da Reforma é hoje!!!
Gostaria de seu comentário inteligente na minha última postagem: Palavra Subversiva.
www.batedeiraindustrial.blogspot.com

Um abraço fraterno!

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