O teatro anda em alta nas igrejas. Não, não estou falando dos muitos grupos dedicados às artes cênicas que, com muito valor e criatividade, fazem da interpretação teatral um recurso interessante para falar de Cristo. Refiro-me, com pesar, ao enorme rebanho de atores que povoam naves e púlpitos de nossas igrejas. Tratando-se de seres humanos (ô raça sínica essa a nossa!), ouso afirmar que não existe exceção: em toda igreja institucionalizada não faltam mambembes travestidos de cristãos.
Sabe o que é pior? Dificilmente algum de nós escapa ao risco de atuar, ainda que provisoriamente (os mais inteligentes pulam fora rapidinho), nesse grupo de artistas do Evangelho, pregadores do engano, testemunhas de araque. Não tenho pudores para falar sobre isso, porque considero saudável o hábito da auto-análise, da auto-crítica, a fim de não tropeçarmos na própria soberba ou na idéia equivocada de que estamos acima do bem e do mal.
Há muitas razões para estarmos propícios a usar máscaras. Todavia, vou ater-me a dois substantivos comuns no dia-a-dia de todo ser humano e responsáveis por grande parte dos jogos de cena que se vê por aí. São eles a mentira e a vaidade. Isso porque ambos, a certo passo da vida, acabam se tornando hábito e passam despercebidos (a olhos humanos).
Mentimos por esporte, sem querer, sem-querer-querendo e, claro, querendo mesmo. Sabe quando aquele flanelinha com jeito de poucos amigos vem pedir dinheiro, cheio de cachaça no cérebro, e a gente afirma, sem pestanejar, “estou sem dinheiro hoje”? Geralmente o dinheiro há, mas, por que não mentir para se sair de uma situação incômoda? O exemplo é simplório, mas serve para ilustrar o fato de como é fácil mentir diante de situações que nos constrange. Por que não mentir? Uma mentirinha não faz mal a ninguém. Deus há de perdoar. Afinal, “os fins justificam os meios” (ô frasezinha malévola! - outro dia escreverei sobre esse negócio de fins justificando os meios. Aguardem). Mentir será sempre a atitude menos inteligente diante de Deus.
Já a vaidade... ah!, a vaidade... “Meu pecado preferido”, declarou, com sorriso irônico, o personagem de Al Pacino no filme Advogado do Diabo. Ele interpreta Satanás no thriller e se diverte manipulando o vaidoso personagem de Keanu Reeves. Não é à toa que a palavra vaidade é usada tantas vezes na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Salomão, no ápice de sua maturidade, inicia Eclesiastes falando desse pecado perigoso, que sutilmente nos afasta da presença do Senhor e nos enforca em nós mesmos.
A vaidade é a necessidade que o homem tem de chamar atenção para si. Ela é um dos principais empecilhos entre o ser humano e a confissão de pecados. A vaidade nos impede de admitir erros. Confessar pecados - mesmo sabendo ser isso fundamental para o conserto -, coloca em xeque o conceito que os outros têm a nosso respeito. Muitos de nós preferem encobrir o pecado a ter sua máscara lançada fora. Acontece que Deus tem visão de raio-X (1 Samuel 16:7). Ele vê através da máscara. E “não se deixa escarnecer, porque tudo que o homem semear ele também ceifará. O que semear na carne... (Gálatas 6:7).
E assim o teatro tem seguido firme no ceio das congregações. Mas, a má notícia para os atores do Evangelho é que sempre haverá a ação consoladora e poderosa do Espírito Santo. E Ele é especialista em desmascarar falsos profetas e falsos discípulos. O dom do discernimento de espíritos é real na vida daqueles que O buscam. E nada há encoberto que não haja de revelar-se (Mateus 10:26). No popular: um dia a casa cai.
Enquanto isso não acontece, os crentes Cazuza (inventei essa agora) continuam vivendo a sua mentira como quem diz “faz parte do meu show”. Na platéia, o Diabo sorri, aplaude e pede bis. Enquanto o Espírito Santo chora.
3 comentários:
Olá Clovis!
Já andava sentindo falta de ler o que vc escreve.VOLTOU COM A CORDA TODA HEIM RSRS
Sábio e contundente.
Marcia Alves
Valeu Marcia, é uma alegria ver você por aqui.
Deus a abençoe, filha do rei.
Esperando sua visita no meu blog: http://averdadeepraserdita.blogspot.com/
Ficarei feliz!
Marcia Alves
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